Grupos indígenas se reúnem na capital do Brasil para protestar contra decisões de concessão de terras do presidente

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By Sohaib


BRASÍLIA, Brasil (AP) – Milhares de indígenas começaram a se reunir na capital do Brasil na segunda-feira para o que se esperava que se tornasse um protesto contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silvaas promessas não cumpridas de criar reservas e expulsar mineiros ilegais e grileiros de terras dos seus territórios.

Responsabilizar o governo Lula parecia ser o foco do 20º Acampamento Terra Livre deste ano, um acampamento anual de uma semana para povos indígenas em Brasília.

Na semana passada, Lula criou duas novas reservas em vez das seis que seu governo havia prometido para este ano. Durante o anúncio, ele reconheceu que “alguns dos nossos amigos” ficariam frustrados.

Lula disse que o atraso foi por vontade dos governadores dos estados e que era necessário encontrar novas áreas para cerca de 800 povos não indígenas que eventualmente seriam deslocados com a definição das novas reservas.

“Chega de genocídio legal! Nossos direitos não podem ser negociados e ninguém pode retirar os direitos indígenas da Constituição”, dizia uma carta aberta da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, a principal organização indígena do país, publicada na segunda-feira. A carta foi endereçada aos poderes Legislativo, Judiciário e Executivo do governo brasileiro.

Pelo menos 251 territórios têm pedidos pendentes de reconhecimento perante o governo federal, segundo o Instituto Socioambiental, sem fins lucrativos.

“Estamos muito decepcionados com este governo. Sabemos que tem muitos inimigos e o Congresso é um inimigo comum”, disse Alessandra Korap, líder indígena da tribo Munduruku, à Associated Press. “Mas não esperávamos que demarcasse apenas duas terras este ano.”

Lula assumiu o cargo em 2023 prometendo retomar a concessão de terras aos povos indígenas, um forte contraste com seu antecessor, Jair Bolsonaro, que cumpriu sua promessa de não criar um único centímetro de terras indígenas adicionais. No entanto, as exigências indígenas enfrentam uma oposição crescente do poderoso sector do agronegócio, que tem o apoio de centenas de assentos no Congresso e de vários governadores em todo o país.

Os organizadores do protesto disseram que cerca de 8.000 pessoas já vieram a Brasília este ano. Montaram centenas de tendas na esplanada principal. Alguns suportaram uma longa viagem de ônibus de três dias. As atividades no acampamento incluem danças tradicionais, venda de artesanato, debates e manifestações políticas.

Esperava-se que muitos mais manifestantes viessem ao longo da semana.

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