Os astrônomos descobriram um buraco negro com uma massa cerca de 33 vezes maior que a do nosso Sol, o maior conhecido na Via Láctea, além do buraco negro supermassivo que se esconde no centro da nossa galáxia.
O buraco negro recém-identificado está localizado a cerca de 2.000 anos-luz da Terra – relativamente próximo em termos cósmicos – na constelação de Áquila, e tem uma estrela companheira orbitando-o, disseram pesquisadores em 16 de abril. ano, 5,9 trilhões de milhas.
Os buracos negros são objetos extraordinariamente densos com uma gravidade tão forte que nem mesmo a luz consegue escapar, tornando difícil identificá-los. Esta foi identificada através de observações feitas na missão Gaia da Agência Espacial Europeia, que está a criar um enorme censo estelar, porque causou um movimento oscilante na sua estrela companheira. Dados do Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul, baseado no Chile, e de outros observatórios terrestres foram usados para verificar a massa do buraco negro.
“Este buraco negro não é apenas muito massivo, mas também muito peculiar em muitos aspectos. É realmente algo que nunca esperávamos ver”, disse Pasquale Panuzzo, engenheiro pesquisador da agência de pesquisa francesa CNRS que trabalha no Observatório de Paris e principal autor do estudo publicado na revista Astronomy & Astrophysics.
Por exemplo, o buraco negro, chamado Gaia BH3, e a sua companheira viajam dentro da galáxia na direção oposta à forma como as estrelas normalmente orbitam na Via Láctea.
Gaia BH3 provavelmente se formou após a morte de uma estrela que tinha mais de 40 vezes a massa do Sol, disseram os pesquisadores.
Os buracos negros que resultam do colapso de uma única estrela são chamados de buracos negros estelares. Gaia BH3 é o maior buraco negro estelar conhecido, de acordo com o astrônomo e coautor do estudo Tsevi Mazeh, da Universidade de Tel Aviv, em Israel.
Os buracos negros estelares são diminuídos em tamanho em relação aos buracos negros supermassivos que habitam o centro da maioria das galáxias. Um desses buracos negros, chamado Sagitário A*, ou Sgr A*, está localizado no coração da Via Láctea. Possui 4 milhões de vezes a massa do nosso Sol e está localizado a cerca de 26.000 anos-luz da Terra.
A estrela progenitora de Gaia BH3 era composta quase inteiramente de hidrogênio e hélio. As estrelas do universo primitivo tinham essa composição química, conhecida como baixa metalicidade. Esta estrela formou-se relativamente cedo na história do Universo – talvez 2 mil milhões de anos após o evento do Big Bang.
Quando essa estrela explodiu no final da sua vida – chamada supernova – lançou algum material para o espaço enquanto o remanescente colapsava violentamente para formar um buraco negro.
A descoberta de Gaia BH3, segundo Panuzzo, apoia modelos de evolução estelar que mostram que buracos negros estelares massivos só podem ser produzidos por uma estrela de baixa metalicidade como a estrela progenitora desta.
A estrela companheira de Gaia BH3, tão antiga quanto a outra, tem cerca de 76% da massa do Sol e é um pouco mais fria, mas cerca de 10 vezes mais luminosa. Ele orbita o buraco negro em uma trajetória elíptica a uma distância que varia entre cerca de 4,5 vezes a distância entre a Terra e o Sol – uma medida chamada unidade astronômica (UA) – e 29 UA. A título de comparação, Júpiter orbita cerca de cinco UA do Sol e Netuno cerca de 30 UA.
“O resultado surpreendente para mim foi o fato de que a composição química desta estrela companheira não mostra nada de especial, por isso não foi afetada pela explosão de supernova do buraco negro”, disse Elisabetta Caffau, astrônoma do Observatoire de Paris e coautora do estudo. .
Esta história foi relatada pela Reuters.