A última tentativa da Coreia do Norte de colocar um satélite espião em órbita terminou em uma explosão no ar, disse Pyongyang na noite de segunda-feira, horas depois de seu anúncio de um lançamento planejado ter sido criticado por Seul e Tóquio.
A emissora japonesa NHK transmitiu imagens do que parecia ser um projétil em chamas no céu noturno, que depois explodiu em uma bola de fogo. A NHK disse que a filmagem foi feita no nordeste da China ao mesmo tempo que a tentativa de lançamento.
O satélite “explodiu no ar durante a primeira fase de voo e não foi lançado”, afirmou a Administração Nacional de Tecnologia Aeroespacial do Norte em comunicado.
Uma “revisão de especialistas concluiu que a causa do acidente foi a confiabilidade operacional do recém-desenvolvido oxigênio líquido e motor a óleo”, acrescentou o comunicado, divulgado pela agência de notícias oficial Coreana Central.
Colocar um satélite espião em órbita tem sido uma das principais prioridades do regime de Kim Jong-un, e afirmou ter conseguido em Novembro, depois de duas tentativas falhadas no ano passado. A Coreia do Norte afirma que o satélite Malligyong-1 (que significa Telescópio-1) que colocou em órbita em Novembro está a funcionar com sucesso, mas a agência de inteligência de Seul rejeitou esta afirmação.
Seul afirma que Kim recebeu assistência técnica russa para esse lançamento, em troca do envio de contentores de armas a Moscovo para utilização na Ucrânia.
Pyongyang havia notificado o Japão na segunda-feira que estava planejando colocar outro satélite em órbita, gerando críticas de Seul e Tóquio, que instaram Kim a cancelar o projeto.
Os militares da Coreia do Sul disseram ter detectado o lançamento, mas que “presume-se que o satélite tenha explodido no ar”.
“As autoridades de inteligência sul-coreanas e norte-americanas estão analisando-o detalhadamente em estreita cooperação”, disseram os chefes do Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul.
A Coreia do Norte, com armas nucleares, está impedida, por várias resoluções da ONU, de realizar testes utilizando tecnologia balística, e analistas dizem que existe uma sobreposição tecnológica significativa entre as capacidades de lançamento espacial e o desenvolvimento de mísseis balísticos.
O lançamento “é um ato provocativo que viola claramente a resolução do Conselho de Segurança da ONU que proíbe o uso de tecnologia de mísseis balísticos”, disseram os militares sul-coreanos.
O Comando Indo-Pacífico dos EUA classificou o lançamento como uma “violação descarada de múltiplas resoluções unânimes do Conselho de Segurança da ONU” e disse num comunicado que “corre o risco de desestabilizar a situação de segurança na região e fora dela”.
O Japão emitiu brevemente um alerta alertando os residentes da província de Okinawa, no sul, para se protegerem em abrigos na segunda-feira, mas foi suspenso minutos depois.
A tentativa de lançamento ocorreu poucas horas depois de Seul, Pequim e Tóquio terem encerrado a sua primeira cimeira trilateral desde 2019.
O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, disse na segunda-feira que outro lançamento de satélite “minaria a paz e a estabilidade regional e global”.
Especialistas dizem que os satélites espiões poderiam melhorar as capacidades de recolha de informações da Coreia do Norte, especialmente sobre a Coreia do Sul, e fornecer dados cruciais em qualquer conflito militar.
Kim encontrou-se com o presidente Vladimir Putin na Rússia em Setembro passado, e Putin sugeriu depois que a sua nação poderia ajudar Pyongyang a construir satélites.
Seul e Washington acusaram posteriormente Pyongyang de enviar armas para Moscovo, com a Coreia do Sul a afirmar no início deste ano que Pyongyang tinha enviado milhares de contentores de armas à Rússia para uso na Ucrânia.
Um grupo de engenheiros russos entrou na Coreia do Norte para ajudar nos preparativos do lançamento, informou a Yonhap no domingo, citando um funcionário do governo.